sábado, 7 de junho de 2014

DÍZIMO: ALEGRIA DE SERVIR A DEUS E AOS IRMÃOS

Dízimo: alegria em servir a Deus e à Igreja

ÍNDICE

Introdução
Objetivos gerais
O que é o dízimo?
Dízimo: sinal de gratidão
Dízimo: questão de amor
Dízimo: ato de fé
Dízimo: compromisso com a Igreja e com o Reino
Dízimo: devolução de uma parcela para Deus
Dízimo: ato a ser realizado em clima de alegria
Dízimo: atitude de partilha
Dízimo: fonte de bênçãos
Quanto devo dar de dízimo?
Onde entregar o dízimo?
Para onde vai o dízimo?
a) Dimensão religiosa
b) Dimensão social
c) Dimensão missionária
Dízimo: arte de administrar os bens do Senhor
Dízimo e ofertas
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Introdução

Meus irmãos e irmãs da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, dos municípios de: Campo Erê, São Bernardino, Saltinho e Santa Terezinha do Progresso, no estado de Santa Catarina, espero que ao ler este texto de formação sobre o dízimo possamos estar mais unidos e dispostos a realizar em nossas comunidades a missão de sermos Igreja viva, templo do Senhor, comunidade de amor e de partilha.
Somos apenas administradores dos bens destinados à evangelização. O dízimo é sagrado. Pertence ao Senhor. O bom dizimista, antes de olhar para si, sua família e sua comunidade, lança o olhar a Deus e reconhece que tudo é graça, tudo é dom de Deus. O bom cristão reconhece que é de Deus, juntamente com os bens que possuem. A fé em Deus faz despertar em nós a alegria de servi-lo, devolvendo o dízimo de modo generoso e sem constrangimento.
Seguindo o apelo de nossa diocese, está nascendo em nossa Paróquia a Pastoral do Dízimo. Em breve nossas comunidades estarão mais organizadas e haverá mais investimentos em prol da evangelização. Contamos com seu apoio, sua participação nesta grande obra que pertence ao Senhor.
Os bispos do Brasil desejam que em todas as dioceses seja implantado o Dízimo. “Toda a diocese deve ter como meta a implantação do Dízimo, como sistema de contribuição sistemática e periódica que substitua progressivamente o sistema de taxas” (Estudos da CNBB N. 8 – Pastoral do Dízimo, 7-9). “Os cristãos tinham tudo em comum, dividiam seus bens com alegria. Deus espera que os dons de cada um se repartam com amor e alegria”.
Nossa diocese de Chapecó nos alerta; “O dízimo é um desafio de fé; é uma resposta de amor e gratidão a Deus; é uma oferta alegre, generosa; não é uma taxa para alívio de consciência; é uma ajuda à Igreja para ser mais missionária” (DIOCESE DE CHAPECÓ, Conselho de Evangelização e Pastoral, p. 51).
A metodologia usada é em forma de diálogo. Os personagens são: um sacerdote, uma religiosa e alguns leigos. Pe. Anchieta representa São José de Anchieta, apóstolo do Brasil, canonizado pelo Papa Francisco dia... Ir Ivete é uma homenagem a religiosa que trabalhou nesta paróquia nos últimos anos. Mari representa nossos funcionários, Tiago representa os jovens. Marivone, Gilmar, Salete e Remi, representam os quatro municípios que fazem parte de nossa paróquia.

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Objetivos gerais
1. O Dízimo tem como objetivo sustentar, manter bem o culto, formar lideranças e cultivar melhor a dimensão missionária e social na comunidade.
2. Partilhar o pouco e o muito que somos e o que temos. Somos comunidade de comunidades, ligados pelos laços de amor, do respeito e da solidariedade. A participação de todos os membros nas diversas comunidades será a soma de muitas forças.
3. Maior contato com a Palavra de Deus que nos instrui sobre o modo de servir e amar a Igreja como o Povo de Deus.
4. Levar todos os fiéis a uma participação concreta na construção do Reino de Deus.
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O que é Dízimo?

Pe. Anchieta, recém chegado à cidade de Campo Erê, vendo os desafios da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, reuniu os representantes dos municípios: Santa Terezinha do Progresso (Gilmar), São Bernardino (Salete), Saltinho (Marivone) e Campo Erê (Tiago e Remi). Mari e Ir Ivete também estavam presentes.
Nesta reunião foi falado sobre a participação de cada paroquiano das 76 comunidades que fazem parte da paróquia. Depois de falar um pouco sobre a situação de cada comunidade, Pe Anchieta entregou para cada participante uma apostila sobre o que é o dízimo.
Salete iniciou a reflexão dizendo:
_ O dízimo é um ato consciente de amor a Deus e à Igreja. Um ato espontâneo de boa vontade, totalmente livre e de forma alguma obrigatório. É indispensável entregá-lo de bom coração (Ex 25, 1-2).
Gilmar se lembrou de um fato importante:
_ Desde criança, compreendi que o dízimo é obrigatório. É um mandamento da Igreja.
Está certo, Gilmar, respondeu Pe. Anchieta. Todos deveriam dar o dízimo com alegria e sem constrangimento. Mas tudo o que é obrigado não produz bons frutos. Não estamos no regime da lei, mas da graça. Vamos responder a perguntar, “o que é o dízimo? Por meio dos ensinamentos contidos nesta apostila.
Dízimo é um dever de consciência. A devolução do dízimo deve ser feita com alegria, não por constrangimento. Ele é a resposta generosa que damos a Deus por meio de um gesto concreto de partilha e doação. A consciência de quem tem amor pela Igreja fará dele um bom dizimista.
_ Mas, padre Anchieta, dízimo, não é um ato de heroísmo. Estamos fazendo nossa obrigação, afirmou Gilmar.
É um doce dever a ser cumprido, pois quanto mais ajudo minha Igreja, mas eu participo dela e a vejo crescer, tendo acesso a uma estrutura mais organizada e eficaz no cumprimento da missão que o Senhor deixou para cada um de nós, acrescentou Pe. Anchieta.
Ir Ivete argumentou: nossa missão é compreender a força da união, da partilha e do compromisso com o Reino.
Mari continuou a reflexão dizendo:
_ Podemos ajudar de diversas formas a Igreja, mas o dízimo é só aquilo que entregamos em nossa comunidade.
_ É verdade, Mari. O dízimo é aquele valor que cada pessoa dá de si para que o Reino de Deus seja anunciado e que todos os membros da comunidade tenham vida em plenitude, afirmou Pe. Anchieta.
Dízimo é ato de fé, sinal de conversão, é oferenda e devolução, confirmou Remi. É vida e evangelização. Dinheiro nem sempre traz solução. Dízimo arrecada a partilha e o coração. Até mesmo Jesus devolveu o dízimo para não causar contra testemunho (Mt 17, 24-27).
Salete acrescentou:
_ Aqui está uma citação dos bispos sobre o dízimo: o dízimo é muito mais autêntico e verdadeiro para expressar a verdadeira ligação do cristão com a Igreja, onde vive o mistério da salvação (Pastoral do Dízimo da CNBB, 54). Ser dizimista é não se fechar ao outro, à comunidade e a Deus. O foco é a partilha e a comunhão.
Remi concluiu: “Onde está o teu tesouro, aí está também o seu coração” (Mt 6, 21). Se voltarmos o nosso olhar para Deus, deixaremos de ser egoístas e partilharemos nossos bens com alegria.

Dízimo: sinal de gratidão

Ir Ivete iniciou outro tema importante sobre o dízimo dizendo: Após o dilúvio, Noé construiu um altar para Deus e lhe ofereceu holocausto sobre ele (Gn 8, 20). Com este gesto aprendemos que o dízimo é sinal de gratidão.
Perguntou Salete:
_ O que são holocaustos?
_ Os holocaustos são animais sacrificados como gesto de gratidão. Era um gesto de culto e um modo de agradecer a Deus pelos benefícios recebidos, respondeu Pe. Anchieta.
_ É preciso fazer experiência do dízimo como forma de gratidão a Deus por tudo de bom que ele nos dá. Dízimo é fruto da graça de Deus, afirmou Ivete.
Mari concluiu:
_ É reconhecimento de que tudo o que possuímos vem de Deus. Ele é a origem de todas as bênçãos. Ele nos dá garantia de vida em abundância, saúde espiritual, física, psicológica, etc.
Gilmar acrescentou:
Se todos os católicos devolvessem o dízimo, não como uma taxa anual, mas uma entrega mensal, seríamos uma comunidade mais rica de dons. Teríamos mais espaços para evangelizar nossas famílias, nossos jovens e não passaríamos tanto sufoco para pagar as contas no final de cada mês.
É verdade Gilmar, porém para muitos a ideia de colaborar mensalmente é algo que exige esforço. Precisamos conscientizar as pessoas que as contas a pagar são pagas ao final de cada mês, afirmou Pe. Anchieta.
Remi interveio dizendo:
_ Entregar o dízimo não é algo extraordinário. Não entregamos para receber algum tipo de benefício ou privilégio. Muita gente foi educada desta maneira.
Tiago acrescentou:
_ Estamos dando porque já recebemos. O sentido do dízimo é a gratuidade. Quem não entrega o dízimo está ficando com a parte de Deus (Mt 3, 1-12).
Quer dizer que se eu não entrego o dízimo estou tomando a parte que é de Deus? Perguntou Marivone.
Dízimo é ação de graças, é oferta devolvida a Deus como dom, abertura à santidade e à comunhão de amor com quem nos deu tudo.
Ir Ivete acrescentou: Tudo o que temos é de Deus, porém não podemos administrar o que é de Deus. Uma parcela deve ser entregue na comunidade. Cabe ao padre, juntamente com cada conselho da comunidade administrá-lo da melhor maneira possível.
Marivone tomou um texto o leu para todos:
Todo o dízimo deve ser devolvido num clima de oração. Quando você doar o seu dízimo faça uma oração de gratidão e peça a Deus, não como se estivesse fazendo negócio com Ele, mas confiando em sua Divina Providência. Agindo assim, descobriremos a razão de nossa existência, o sentido de vivermos unidos a Ele. (Fr. Venildo Trevisan).
Pe Anchieta concluiu:
_ Dízimo não é dar o que sobra para Deus. É doar com alegria o que temos de melhor porque amamos a Deus e a Igreja.

Dízimo: uma questão de amor

Salete afirmou:
_ Dízimo é questão de amor. No livro do Gênesis Caim apresentou a Deus produtos do solo como oferta. Seu irmão Abel ofereceu os primogênitos e a gordura do seu rebanho. Abel selecionou o melhor para Deus, enquanto que Caim ofereceu o que não prestava.
Gilmar aproveitou para desabafar:
_ Tem muita gente que dá a sobra para Deus, uma pequena moeda que está sobrando em casa ou o pior terneiro. É necessário dar o que temos de melhor para Deus (Gn4, 3-5). O que fazemos com as pessoas que há muito tempo não colabora com o dízimo?
Pe. Anchieta afirmou:
_ Há pessoas que ainda não foram evangelizadas. Nem sempre é por maldade, mas por falta de instrução. Vamos oferecer a todos o direito de ser dizimista, evangelizando e mostrando o verdadeiro sentido da participação.
Ivete argumentou:
_ Uma das passagens mais bonitas da Sagrada Escritura sobre o dízimo é o relato da Comunidade Primitiva. Os cristãos tinham tudo em comum, dividiam os seus bens com alegria. Ninguém passava dificuldades. Este é o sonho de todas as comunidades cristãs: que o egoísmo, o acúmulo de bens sejam superados (At 2, 42-47).
Marivone acrescentou:
_ Eu vejo que muitas pessoas poderiam colaborar de modo melhor, mas muitos se contentam com o mínimo. Deveríamos mostrar a elas que é possível participar com mais, se de fato, Deus tem abençoado suas vidas com muitos bens. Quem tem mais deve partilhar mais.
_ Pe Anchieta afirmou:
_ Pouco a pouco as pessoas vão compreendendo como é bom serem dizimistas, não simplesmente para dar bons exemplos, mas para serem justos com Deus e com a comunidade, afirmou Pe. Anchieta.
Mari leu outro texto importante:
Quem participa com o dízimo está semeando amor e solidariedade. Com o dízimo podemos ajudar as pessoas, de modo especial os pobres (Dt 14, 28-29). Toda comunidade deve também desenvolver um serviço social. Uma parcela do dízimo é destinada aos pobres, pois o próprio Jesus afirmou: “Eu tive fome e não me deste de comer...” (Mt 25, 40-43).
Remi acrescentou:
_ Quer dizer que o conselho da comunidade e os padres poderão destinar uma parte do dízimo para o social?
_ A missão do conselho é justamente administrar o dinheiro da comunidade. Além das despesas de evangelização, os pobres deverão participar com o dízimo recebendo da comunidade em forma de benefício, afirmou Pe. Anchieta.
Tiago completou:
_ Fiquei sabendo que as pessoas simples também devem doar o dízimo. Ser fiel no pouco para também receber de Deus o necessário para seu sustento.
_ É verdade, disse Ir Ivete. Ouvi um testemunho de uma empregada doméstica que agradecia a Deus pela saúde, fartura e pelo bom emprego. Ela era fiel ao dízimo, enquanto que sua patroa colaborava com uma parcela três vezes menor que a dela.
Salete acrescentou:
_ Ouvi outra história de um catador de papel e latinhas. Ele devolveu o seu dízimo de forma generosa. Os membros da comunidade acharam bonito o seu testemunho e foram visitá-lo para agradecer. Chegando lá, viu que sua casa faltava portas, não tinha banheiro digno. Por isso, os membros da comunidade decidiram ajudar aquele senhor.
Acrescentou Ir Ivete:
_ “As mãos mais pobres, são as que mais se abrem para tudo dar”.
Dízimo é uma questão de amor, afirmou Pe. Anchieta. fazer caridade é missão de toda a comunidade. A Igreja deve ser testemunha da justiça e da misericórdia infinita do Pai (Mt 23, 23).
Marivone afirmou:
_ Partilha é amor, fraternidade, compromisso com Deus. A Igreja é o Povo de Deus. Ela é obrigada a promover vida digna para todos. O dízimo não é forçado, porém o Senhor nos convida a sermos misericordiosos: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).
Remi testemunhou:
_ Dízimo é um ato de amor. Os bens materiais que levaremos para Deus serão aqueles que se transformaram em partilha. O dinheiro que levaremos é aquele que partilhamos com os pobres. A comida que levaremos não será aquela que comemos, mas sim aquela que matou a fome das pessoas (testemunho de um pastor). Jesus nos deixou o exemplo para ser seguido. “Há mais alegria em dar do que receber” (At 20, 35). Além de fazer caridade e dar esmolas para os pobres, necessitamos entregar o nosso dízimo como gesto de amor.
Muito bem, acrescentou Pe. Anchieta. Dízimo não é um negócio que eu faço com Deus. É testemunho de seu infinito amor. Tudo o que fazemos por amor será recompensado por Deus, até mesmo um copo de água fria ofertada para alguém (Mt 10, 42).
Tiago afirmou:
_ O egoísta não vê as bênçãos de Deus. Não somos dizimistas apenas para receber vantagens. Mas, se não temos um emprego, como posso ser dizimista?
Pe Anchieta afirmou:
_ Ninguém partilha o que não tem. Os jovens, adolescentes e crianças podem economizar um pouco do que ganha dos pais para serem dizimistas. Às vezes um real depositado na caixa da coleta da Igreja é uma oferta mais valiosa do que outras ofertas generosas. Ensine seu filho a ser generoso com Deus e com a igreja, mais tarde ele vai te ajudar e ser generoso.
Ir Ivete acrescentou:
_ O dízimo para as crianças e jovens é educativo. Quem começa a ser dizimista cedo desenvolve a consciência da partilha e se liberta do egoísmo.
Remi leu outro texto importante:
Com o dízimo superamos o egoísmo em nome de um espírito comunitário que nos une no amor de Cristo. O amor vai além das esmolas. É mais cômodo dar R$10,00 para um mendigo do que se comprometer com ele como irmão, ajudando-o a levantar, promovendo sua dignidade. A esmola humilha e não resolve o problema. Dar esmola significa deixar a pessoa ser o que é em sua condição de mendigo. Mas a verdadeira caridade acolhe os irmãos numa mesma é única dignidade. Se Cristo nos ensinou a amar até mesmo os inimigos o que diria em relação aos mais necessitados?
Quem ama a Deus e ao próximo com Jesus amou sentirá a necessidade de partilhar com a comunidade e participar dela com alegria, disse Marivone.
Dízimo não é esmola que a gente dá para a Igreja. Eu dou 10,00 e pronto! Minha missão está cumprida. Quem pensa assim deve mudar de mentalidade. Faça um teste. Assuma este desafio devolvendo generosamente seu dízimo à sua comunidade. Não pense que você está doando muito dinheiro para sua comunidade. Pense que você esta devolvendo a Deus e acredite que o dízimo é um investimento para sua própria família e para o bem estar de todos. Depois de alguns meses os frutos aparecerão, concluiu Pe. Anchieta.

Dízimo: ato de fé

Dízimo é um ato de fé, afirmou Ir Ivete. O interesse pela devolução do dízimo não pode ser apenas receber vantagens, como ter direito aos sacramentos e serviços oferecidos pela comunidade. Disse o Senhor: “Não fiqueis preocupados, dizendo; o que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? (...) Busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas” (Lc 6, 31-33).
Gilmar perguntou:
_ Ir Ivete quem não entrega o dízimo pode participar dos sacramentos? Já ouvi dizer que algumas comunidades impedem as crianças de participarem da catequese.
_ A Igreja existe para evangelizar e, de modo especial, evangelizar os pobres. Não podemos impedir as pessoas a ter acesso aos sacramentos. Jesus veio para todos. Há pessoas que não colaboram por falta de instrução. As crianças e os jovens são o futuro de nossa Igreja. Necessitamos acolhê-las com amor.
Mari acrescentou:
_ Entregar o dízimo é uma questão de fé. É preciso fazer experiência para que seja amadurecida a nossa fé em Deus providente e amigo (Ml 3, 10). Quando entregamos o dízimo com fé, nossa família e nossa comunidade agradecem.
_ Quem partilha sempre tem, afirmou Salete.
Tiago perguntou:
_ Não se pode compreender o dízimo como uma fonte de riquezas. Como um investimento para ficarmos rico. O profeta Jeremias afirma: “para que não falte o alimento em nossa casa”. Não podemos esquecer que a casa do Senhor necessita de nossa participação.
Marivone acrescentou:
_ A experiência do dízimo não deve ser feita no dia em que eu ganhar mais ou quando eu tiver liquidado as minhas contas. Acreditar em Deus que é Pai todo poderoso é ter a plena convicção de que Ele acolherá o meu dízimo como uma oferta agradável. Se eu ganhei pouco, participo com pouco. O dízimo é proporcional aos meus rendimentos mensais.
Remi concluiu:
_ Quem acredita em Deus toma consciência de que é administrador. Nada nos pertence. Por isso, devo partilhar meu dinheiro com Deus em primeiro lugar, depois com meus irmãos, meu cônjuge, meus filhos, meus pais e aqueles que mais necessitam.

Dízimo: compromisso com a Igreja e com o Reino

Pe. Anchieta iniciou uma nova discussão, dizendo:
_ Dízimo é compromisso com a Igreja e com o Reino de Deus. Se você e sua família fazem festas sua casa para acolher os amigos, experimente também doar de modo generoso o seu dízimo. Lembre-se que as famílias, os jovens e todo o povo de Deus vão ser evangelizados.
Ir Ivete acrescentou:
_ Existem outras formas de participação. Como é bonito ver as pessoas ofertarem pães, bolachas, leite, café, erva para o chimarrão, terneiros para as festas das comunidades. Todas estas ofertas ajudam a comunidade a crescer no amor de Deus.
Mari afirmou:
_ Para nós católicos o material da catequese e tantos benefícios ligado à manutenção da casa paroquial e o escritório consomem boa parte do dízimo.
Remi acrescentou:
_ Jesus anunciou o Reino de Deus e deixou para cada um esta missão. Nosso apostolado deve ser uma continuação da missão de Jesus. Tomara que todos sejam discípulos e missionários do Senhor Ressuscitado. Este é o nosso compromisso com Deus.
Tiago afirmou:
_ Toda a comunidade é responsável, não apenas pagando a taxa, mas juntos buscar as soluções dos problemas e fazer investimento na área da evangelização.
Salete concluiu:
É preciso renunciar ao egoísmo. O seguimento de Cristo requer partilha e compromisso com a comunidade.
Marivone leu um texto:
_ Dízimo é compromisso que assumo com Deus, através da comunidade onde participo. É uma parte da minha renda entregue mensalmente na comunidade. Ato de responsabilidade e maturidade cristã. Nós somos Igreja na medida em que participamos e colaboramos com Ela, assim como um filho participa e colabora com sua família. O dízimo é o gesto concreto, o sinal visível da nossa participação na vida da Igreja.
Pe. Anchieta acrescentou:
_ O dízimo deve ser entregue juntamente como um ato de amor e justiça. Não adianta pagar o dízimo e cometer outros crimes e pecados maiores.
Ir Ivete concluiu:
_ A Igreja é mestra em orientar, ensinar e animar sobre aspectos importantes que envolvem a vida das pessoas, em vista do bem comum e da salvação de todos. “Deus não pede para vendermos todos os bens, mas a devolução de uma pequena parte dos bens que Ele próprio coloca em nossas mãos, em forma de dízimo e de oferta, para as necessidades dos irmãos e para dar à Igreja condições de realizar a sua missão na dimensão religiosa, social e missionária”.

Dízimo: devolução de uma parcela para Deus

Salete deu iniciou a reflexão dizendo:
_ No livro do Êxodo Deus exige que seus filhos levem os primeiros frutos da terra para a sua casa. Os frutos eram abençoados e, ao mesmo tempo significam gestos de fé e gratidão a Deus pela colheita (Ex 23, 19). O Senhor Deus exige um tributo (Ex 25, 1-2) e uma coleta (Ex 35, 4-5). A obra de Deus não pode parar, porém o acúmulo de bens na comunidade pode ser um sinal negativo. O próprio Moisés ordenou ao povo que parasse de enviar tributos para o Santuário, constatando: “o que haviam trazido era mais do que suficiente para realizar as suas obras” (Ex 30, 5-7).
Gilmar perguntou:
_ Quer dizer que se a situação da Igreja melhorar, podemos deixar de cobrar o dízimo?
_ Quando a situação financeira da Igreja for o suficiente para a grande obra da evangelização, então o dízimo pode ser até mesmo ser suspenso por um tempo, afirmou Pe. Anchieta.
Conheço uma comunidade que não deixa de cobrar o dízimo, mas ajuda outras comunidades. Quando há partilha entres as comunidades, umas ajudarão as outras e todos serão evangelizados, acrescentou Gilmar.
_ No livro do Levítico encontramos esta passagem: “Todos os dízimos da terra, tomados das sementes do solo ou dos frutos das árvores são propriedades do Senhor. São coisas consagradas ao Senhor” (Lv 27, 30), afirmou Mari.
Remi acrescentou:
_ O profeta Malaquias afirmou: “Trazei o dízimo ao Templo do Senhor” (Ml 3, 10). É uma oportunidade de cada um oferecer a Deus algo precioso e não simplesmente colaborar com a comunidade. Ninguém acha demais o mandamento do amor: “amai-vos uns aos outros”. Portanto, ser fiel a Deus através do dízimo é sinônimo de partilha e de amor.
_ Meu Deus, eu não sabia que o dízimo é tão exigente, acrescentou Tiago.
_ Sim, Tiago, o nosso compromisso perante a Deus é devolver a ele, por meio da Igreja uma parcela de todos nossos rendimentos em forma de ação de graças, afirmou Pe. Anchieta.
Marivone perguntou:
_ Por que alguns católicos não devolvem o dízimo?
_ Esta pergunta pode ter várias respostas, como: a igreja é rica, os padres ficam com o dízimo, a gente não vê onde é aplicado. Mas o que falta é uma melhor instrução, sobre o tema, afirmou Ir. Ivete.
Gilmar concluiu: Ser dizimista consciente é reconhecer que Deus é o Senhor, é saber que sem Deus nada teríamos e nada seríamos, é reconhecer nossa dependência de Deus (Arthur Jorge). Devolvendo o dízimo colaboremos com a construção do Reino de Deus.

Dízimo: ato a ser realizado em clima de alegria

Remi deu inicio a reflexão dizendo:
_ Entregar o dízimo é um ato que traz alegria e gozo. Cheio de generosidade o povo de Israel oferecia a Deus os seus dons (ICr 29, 13-17).
Quando olhamos ao nosso redor, descobrimos as bênçãos de Deus por toda a parte. Nossa casa, nosso carro, nossos móveis, vestes para nos aquecer, comida com fartura, emprego, saúde. Tudo isso são motivos para vivermos felizes.
_ De que modo devemos entregar o dízimo com alegria? Perguntou Tiago. Quando a gente paga uma conta nem sempre estamos bem humorado.
Pe. Anchieta respondeu:
_ Dízimo não é uma taxa a ser paga. Não é um imposto. Por isso, quando devolvemos o dízimo, devemos encher o coração de paz. Cada um foi chamado a doar sem constrangimento, de modo livre.
_ Quando cumprimos um dever, uma responsabilidade, dizemos: graças a Deus, mais uma missão cumprida. Isto é motivo de alegria, afirmou Marivone.
Salete acrescentou:
_ O dever de entregar o dízimo é um ato de generosidade. Ele traz felicidade. “Feliz o homem que põe a sua esperança no Senhor e n’Ele confia”.
Remi concluiu:
_ Como é bom servir a Deus com o dízimo. Por meio dele comprovamos que “há mais alegria em dar do que receber”.

Dízimo: atitude de partilha

Pe. Anchieta afirmou que ninguém pode ficar excluído desta experiência, porém ninguém é obrigado a partilhar. Trata-se de um ato espontâneo e doado com amor.
_ Se existe uma suposta obrigação na devolução do dízimo, algo está errado. O compromisso é de todos, acrescentou Ir Ivete.
Quem honra a Deus com o dízimo desenvolve em si mesmo o dom da partilha. Se nós que somos cristãos não devolvemos o que é de Deus, como podemos exigir das pessoas que elas façam a sua parte? Acrescentou Mari.
Há quem partilha generosamente e se transforma numa pessoa rica, cheia de dons. Às vezes encontramos pessoas com muitas posses, mas secas e sem vidas. “Quem é generoso progride na vida, e quem dá de beber jamais passará sede” (Pr 11, 24-25), afirmou Remi.
Tiago interveio:
_ O que a Palavra de Deus nos ensina não tem nada a ver com a teologia da prosperidade. Não se trata de dar e receber na mesma proporção, mas receber muito mais, em forma de dons espirituais. Quem planta amor, colhe felicidade. Se plantarmos boas sementes, os frutos serão generosos (Mt 7, 1s).
Pe Anchieta afirmou:
_ Atenção para este detalhe! Fazer caridade com o dinheiro dos outros é enganação. A gente pode enganar as pessoas, mas a Deus, jamais (Eclo 34, 18-22). Todo o tipo de injustiça deve ser descartado. Por isso, quando devolvemos o dízimo devemos questionar a nós mesmos: estamos sendo justos com Deus e com nossos irmãos?
Ir Ivete afirmou:
_ “A oferta do justo alegra o altar, dela sobe até o Altíssimo” (Eclo 35, 5). O justo é também aquele que oferece a Deus seu dízimo de boa vontade. O senhor o recompensará sempre mais. Se você lembrar que o teu irmão tem algo contra você, reconcilie com ele antes fazer a sua ofertar a Deus (Mt 5, 24).
Todos nós somos chamados a compartilhar as despesas. Se nós nos alegramos com os amigos, preparando uma festa de aniversário porque não partilhamos com a comunidade na qual participamos? Questionou Salete.
Ir Ivete acrescentou:
_ Quem planta amor, colhe felicidade. Quem reparte o que tem torna-se rico das graças de Deus. Dízimo é expressão forte da comunidade. Quem dele participa torna-se missionário.
Jesus elogiou uma pobre viúva que apenas deitou duas pequenas moedas no cofre do Tesouro do Templo. Ela deu tudo o que tinha. Os outros deram do que sobravam. (Lc 21, 1-4), afirmou Pe. Anchieta.
Marivone acrescentou:
_ Não existe cristianismo sem partilha. A viúva deu tudo o que tinha. Os outros deram do que sobravam. Com este episódio, Jesus nos ensina que devemos, pois assumir com alegria esta nobre missão.
_ Já ouvi dizer que alguns pastores e sacerdotes são muito radicais com o dízimo. O dízimo é um dever de cada cristão, porém ninguém é “obrigado” a dar o dízimo (1Cr 29, 5-6), disse Remi.
Tiago questionou:
_ Por que em nossa paróquia fala tão pouco de dízimo?
_ Estamos a caminho da conscientização paroquial. Que todos os paroquianos sejam instruídos neste estudo. Você poderá ser um agente da Pastoral do Dízimo, defendeu Pe. Anchieta.
_ Estamos fazendo a nossa parte, afirmou Remi. Vamos continuar com a nossa reflexão. O dízimo é também oportunidade de melhorar os nossos relacionamentos com Deus, com as pessoas e conosco mesmo. Assim como lançamos a semente na terra, o nosso dízimo é mais que dinheiro, tem cheiro de partilha. “O zelo por tua casa me consome” (Jo 2, 17). Esta deve ser nossa fonte de inspiração. Cuidar das coisas de Deus com alegria.
Dízimo é muito mais do que dinheiro. Dízimo é reconhecimento, agradecimento, participação, libertação, evangelização, solidariedade, partilha, afirmou Ir Ivete.
Pe Anchieta conclui:
_ Partilha é tirar de si, não do outro. “Partilhar é imitar a Deus. Deus partilhou tudo com a humanidade. Partilhou o mundo com suas estrelas, espaços, flores, água, terra... tudo. Partilhou sua felicidade, seu amor, sua paz e sua Vida. Ele é a Vida e quis que todos participassem da mesma vida”
Marivone acrescentou:
_ Deus é amor partilhado entre três pessoas. Deus Pai partilhou a criação e seu próprio Filho. Jesus partilhou sua vida conosco, nos deixou sua Mãe, Eucaristia. O Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho doado a toda a Igreja e a Igreja é a comunidade da partilha.
Tiago concluiu:
_ A auto-suficiência e a soberba não deixa espaço para Deus. Há o perigo de afastar-se dele. Quando a condição financeira está em alta, muitas pessoas viram as costas a Deus (Dt 8.11.-14). Ao contrário, quem tem mais, deve partilhar com mais.

Dízimo: fonte de bênçãos

Salete iniciou outro assunto dizendo:
_ Há um costume em nossa região de fazer campanha de grãos. Este costume é uma atitude que agrada o Senhor (Dt 14, 28-29). Uma parte da colheita pode ser entregue como dízimo na comunidade ou como oferta a uma entidade que cuidam das crianças ou idosos.
_ É bom saber que as pessoas são solidárias. Elas estão sempre ajudando as instituições e partilham o que tem com as famílias que não tem, acrescentou Gilmar. Com o dinheiro a comunidade investe mais, por isso é uma fonte de bênçãos.
Pe. Anchieta confessou:
_ O dízimo dado com amor e de coração não pesa para ninguém. Ao contrário, o dízimo é fruto de uma ou mais bênçãos recebidas. Disse o Senhor Deus: “A oferta espontânea que você fizer deverá ser proporcional ao modo como Deus tenha abençoado você” (Dt 16, 15-17).
Marivone leu um testemunho de quem é dizimista.
Uma senhora doava uma parte para Deus e rezava, pedindo bênçãos. Ela nos relatou que havia muito tempo que não comprava um comprimido em sua casa. Antes gastava o seu dinheiro na farmácia e não sobrava quase nada para si.
Um senhor paraplégico entregava o dízimo em agradecimento ao dom da vida, 10% de sua aposentadoria. Ele era consciente de suas limitações, porém grato a Deus por ter dado uma família perfeita e que sua oferta seria aplicado para o bem de sua comunidade.
Tiago comentou:
_ Quem é solidário terá sempre razões para ser feliz. A felicidade não consiste no acúmulo de bens, mas na alegria de ajudar as pessoas e a comunidade.
Remi acrescentou:
Se Deus é o nosso pastor, nada nos faltará (Sl 22). Se não somos fiéis com o dízimo, será que ele é o nosso pastor? Se não amamos seus mandamentos, se não confiamos nele, se não acolhemos sua infinita misericórdia e o seu amor, o que seria de cada um de nós? Tais questionamentos nos convidam a experimentar mais o Senhor por meio da oração, conversão de nosso coração a quem tem direito de nossa vida e de nossa participação.
Salete continuou a reflexão relatando que uma comunidade quis recolher o dízimo com alegria e, em pouco tempo ela conseguiu erguer uma nova capela. Na mesma paróquia, outra comunidade negou o dízimo, alegando que a comunidade estava reformando sua capela. Depois de 10 anos a igreja foi inaugurada. Ao passo que a comunidade fiel ao dízimo demoliu a sua capela em ruínas e a construiu em seis meses.
Ir Ivete acrescentou:
_ Não devemos doar nosso dízimo para aparecer diante das pessoas ou para ocultar nossos pecados. Nem mesmo deixar de participar por medo de faltar algo em nossa casa. Ao entregar nosso dízimo façamos como um ato de fé, para o crescimento do Reino. A bênção de Deus e suas consolações não estão numa perspectiva individualista, mas sim numa dimensão familiar e comunitária.
Disse o Senhor: “Vocês vão ver se não derramo a minha bênção sobre vós muito além do necessário” (Ml 3, 10), completou Pe. Anchieta.
Mari afirmou:
_ Com o dízimo não ficamos livre dos nossos pecados. Dificilmente alguém egoísta alcançará o perdão. Quem ama a Deus e aos irmãos está na direção certa.
Remi acrescentou:
_ Jesus contou a história de um vinhateiro que foi bondoso ao pagar uma diária até mesmo para aqueles operários que trabalhou apenas uma hora. O pouco que doamos para Deus pode ser multiplicado. Ele não deixará seus filhos passarem dificuldades.
Conheço comunidades que nem sequer havia um templo digno para as celebrações das missas. Com a implantação do dízimo iniciou uma nova primavera para aquelas comunidades. Hoje elas têm suas igrejas e as pessoas estão sempre devolvendo mensalmente o dízimo, concluiu Mari.

Por que entregar o Dízimo?

Tiago, tomando a palavra afirmou:
_ O 5º. Mandamento da Igreja manda entregar o dízimo como de costume. No Novo Testamento percebemos que a exigência cristã é muito maior que o dízimo, tão cobrado no Antigo Testamento. O dízimo é bíblico. Encontramos várias passagens no Antigo Testamento que falam sobre o dízimo. Mas por que entregar o dízimo?
Gilmar afirmou:
_ A Igreja não vive de ar. Ela tem suas despesas.
Ir Ivete acrescentou:
_ Para dar sustento à obra da Evangelização, os apóstolos tinham um caixa em comum. Com o dízimo a Igreja torna mais forte. A Igreja é muito mais que uma associação. Quando nosso olhar se volta para Deus tudo torna mais fácil.
Marivone interveio:
_ Eu entrego o dízimo porque confio em Deus e quero amá-lo sobre todas as coisas.
Remi está de acordo com todos e acrescentou:
_ Dízimo é mais que esmola e campanha para pagar dívidas da comunidade. É um valor significativo que a comunidade usa para a grande obra da evangelização.

Quem pode ser dizimista?

_ Quem pode ser dizimista? Perguntou Salete.
Todos aqueles que têm uma renda deverão ser dizimistas. Existe o dízimo pessoal, familiar e também o dízimo empresarial. Até mesmo as crianças e os jovens podem ser dizimista. Dízimo é uma opção. Do dízimo ninguém está excluído, Afirmou Ir Ivete.
Tiago afirmou:
_ Quero ser dizimista também, apesar de ser jovem. Desejo que minha comunidade cresça.
Marivone manifestou o desejo de ajudar os catequistas e catequisandos a tomar consciência de serem dizimistas também.
Gilmar afirmou que é um desafio conscientizar as famílias que estão afastadas da comunidade.
Remi está disposto a ser agente da Pastoral e quer fazer em sua comunidade alguns baners que ajude na conscientização de toda a comunidade.

Quanto devo dar de dízimo?

Pe Anchieta afirmou:
_ O que devemos oferecer a Deus? As primícias de toda a renda (Pr 3, 9-10). Nossa obrigação é zelar das coisas do Pai. Nossa Igreja não pode estar em ruínas, enquanto que temos casa boa e mobiliada. O dízimo não é somente dinheiro. Nas comunidades rurais, o dízimo pode ser entregue com parte da colheita ou da renda do leite, a renda do gado de corte que é vendido, da lavoura que se colhe, dos frangos que são vendidos para o abate, etc.
Ir Ivete afirmou que há comunidades que incentiva seus membros a colaborarem com 10% ou um dia de serviço por mês. O valor deve ser proporcional ao que ganha e segundo o coração do doador. Outras comunidades estipulam um preço entre eles.
Gilmar acrescentou:
_ Agora estou entendendo. Eu sempre pensava que as pessoas deveriam colaborar de forma igual para não sermos injustos uns com os outros.
Remi defendeu:
_ Dízimo não é uma taxa que doamos para a Igreja. Dízimo não é para a comunidade. É para Deus. A comunidade apenas administra.
Tiago acrescentou:
_ Deus ama quem partilha com alegria. É injusto entregar apenas um valor simbólico. “O valor, eu é que decido. Ninguém pode tomar essa decisão por mim”.
_ É verdade, afirmou Salete. A primeira coisa que devemos fazer é olhar para Deus. Muitas pessoas olham somente para si mesmas, por isso não entendem o que é o dízimo.
Agora eu entendo melhor o dízimo, disse Marivone. Oferecer o mínimo possível, de má vontade, só pra dizer que sou dizimista não é uma coisa justa. Muitos podem estar pensando: eu ajudo muito minha comunidade. Não perco nenhuma festa, promoção, não há necessidade de entregar o dízimo. Tais pessoas perdem a oportunidade de receber as bênçãos de Deus e de acompanharem o crescimento de sua comunidade.
Remi afirmou:
Acredito que o costume de entregar o dízimo como sócio de uma comunidade vai ser enriquecido quando a doação for fruto do amor que tenho por Deus e por seu Projeto. Quem tem mais, contribuirá com mais e com alegria no coração. Quem tem menos, contribui com menos. E ninguém vai achar que é injusto.
Pe. Anchieta acrescentou:
_ Para o sanduíche, a galinha colabora apenas com o ovo. O boi participa, sacrifica sua vida. Ele dá a sua carne para que o sanduíche fique gostoso (Dom João Bosco). O dízimo está ligado ao modo de participar de cada um.
Ir Ivete concluiu:
_ Nós, que somos consagradas a Deus também ofertamos a ele o nosso dízimo. Assim também como os padres. Os padres e religiosas recebem da comunidade uma ajuda para suas despesas pessoais. Não é porque ofertamos nossa vida a ele que somos isentos do dízimo.
Salete questionou:
Em nossa paróquia, sinto que algumas comunidades estão colaborando com muito, proporcionalmente ao número de famílias dizimistas. Será possível reorganizar o dízimo e fazermos um novo acordo com a paróquia, diocese e comunidade?
Pe Anchieta concordou. Vamos reunir o conselho e fazermos a negociação. O que não pode faltar é o empenho de todos. Cada comunidade é chamada a refletir sobre a evangelização de toda a Igreja, levando a sério as coletas determinadas pela igreja e a parcela a ser enviada à Cúria diocesana e paróquia.
Remi acrescentou:
_ Cada comunidade deve entregar o dízimo dos dízimos à Paróquia e à diocese. Com a suspensão das taxas, as festas e promoções também podem ser cobradas uma parcela, negociada com os diversos conselhos. Desta maneira, nenhuma comunidade vai fazer promoções ou cobrar de seus membros simplesmente para pagar o dízimo.
Mari argumentou:
_ Pouco a pouco os membros das comunidades compreenderão o sentido da co-responsabilidade e entregarão o dízimo com alegria.
Quero dar um testemunho bonito de uma senhora dizimista. Certa vez uma senhora veio para entregar o dízimo no escritório e o próprio padre a aconselhou que ela devia doar menos. Ela foi embora para retornar em outro horário, dizendo: “não é o senhor nem ninguém, que vai me levará ser infiel a Deus”.
Marivone acrescentou:
_ O valor doado não deve ser estipulado, mas antes, todos devem ser orientados. Minha sugestão é que sejam apresentados alguns critérios segundo a instrução recebida pelos membros do Conselho e da Pastoral do dízimo, mas não significa que tem que ser aquele valor. Cada um examine sua consciência e seu coração.

Onde entregar o dízimo?

O local mais utilizado é o Escritório paroquial, onde concentra toda a administração paroquial. Lá as pessoas recebem o comprovante, a secretária faz a anotação diretamente no computador para depois prestar contas nos balancetes mensais, afirmou Pe Anchieta.
Ir Ivete acrescentou:
_ Pode ser entregue também antes ou depois das celebrações comunitárias ou ser entregue a pessoa responsável. O tesoureiro ou algum membro da Pastoral do dízimo será o responsável por esta missão.
Pe. Anchieta concluiu:
A unidade da Igreja católica envolve também a parte financeira. Os recursos deverão ter uma administração voltada para a comunhão. Quanto ao modo de receber o dízimo, deve ser aprovado pelos Conselhos e em comunhão com o pároco. Este tema será discutido entre os membros dos Conselhos, em conformidade com a Diocese.

Para onde vai o dízimo?

O dízimo é aplicado na comunidade paroquial, afirmou Pe. Anchieta. Além de pagar as despesas com empregados e salários dos padres, é usado para assegurar uma boa catequese, cuidar dos edifícios pertencentes à Igreja e todos os meios de evangelização, tais como: folhetos, jornais, livros, revistas, despesas com veículos etc.
Ir Ivete afirmou:
_ Atenção, o dízimo não é dos padres. O dízimo é paroquial. O pároco administra, juntamente com os conselhos, segundo ordens administrativas. Vejamos logo abaixo as três dimensões onde se aplica o dízimo.

a) Finalidade religiosa

Salete afirmou:
_ A aplicação do dízimo é feita da seguinte forma: compra de materiais litúrgicos, velas, vinho, hóstias, toalhas para o altar, materiais de limpeza, pagamento de água, luz, telefone, salário da secretária, do padre, salário das irmãs, manutenção da Igreja, despesas da casa paroquial, folhetos de missa, matérias de escritório.
Em nossa paróquia é urgente que as pessoas devolvam o dízimo de maneira generosa, pois, necessitamos construir várias capelas na zona rural e urbana. Há comunidades que não tem condição financeira nem sequer para reformar suas capelas e pavilhões. Esta é uma missão prioritária que não pode deixar para amanhã, afirmou Ir Ivete.

b) Finalidade social

Marivone disse que o atendimento aos doentes, crianças desamparadas, cursos de formação, despesas com viagens, tudo isso só é possível quando há recursos. O pagamento de pessoas que trabalham nas pastorais sociais, encontros de formação, promoção social em relação aos pobres, pastorais sociais como a do Menor, Pastoral da Saúde e outros serviços.
Pe. Anchieta acrescentou:
_ Eu sei que nesta parte estamos atrasados, pois os recursos que temos não é o suficiente para pagarmos as despesas do dia a dia. Espero que os paroquianos das diversas comunidades nos ajudem, a fim de ajudarmos mais os menos favorecidos da sociedade.
Salete afirmou:
_ Nas comunidades rurais podemos promover a cooperação entre os pequenos produtores com doação de sementes, mudas de árvores para melhorar o meio ambiente, apoiar projetos que ajudem as pessoas a ter uma moradia digna e vida melhor. Será que os membros dos conselhos e o padre se interessam quando alguma família está afastada da comunidade ou quando passa por alguma dificuldade financeira? Quando alguém está enfermo, algum coordenador do conselho procurou saber se aquela pessoa está precisando ajuda?
Tiago concluiu:
_ Ainda temos um longo caminho a ser percorrido. Estamos no início de uma caminhada. Com a ajuda de Deus vamos crescer no amor, na solidariedade, como uma família que tem um Pai comum, que se respeita e vive em comunhão com Cristo, alimentando do mesmo pão e sendo instruído por sua Palavra, na potência de seu Santo Espírito.

c) Finalidade missionária

A missão da Igreja é evangelizar, afirmou Pe. Anchieta. Os cursos de formação de lideranças fora da diocese, encontros diversos, missão popular, panfletos, jornais de evangelização, programas de rádio e outros meios de comunicação são recursos usados. Também é enviada para a Diocese uma parte para formação dos futuros padres e cursos de secretários (as), líderes das diversas pastorais. Tudo isso faz parte da dimensão missionária.
Ir Ivete concluiu:
_ Em nossa paróquia não temos um jornal paroquial. Este material será importante para que nós também possamos criar uma mística comum. Por meio dele conheceremos melhor as comunidades que estão necessitando de apoio e os eventos de evangelização. Este instrumento de evangelização ajudará os catequistas e ministros a serem eficazes em seu ministério e seremos uma paróquia mais unida no amor de Cristo.

Dízimo: arte de administrar os bens do Senhor

Marivone afirmou:
_ Agora queremos saber de que modo vamos administrar o dízimo? O padre poderá nos explicar melhor a arte de administrar os bens do Senhor?
Pe Anchieta afirmou:
_ Quando somos fiéis e generosos na administração, os frutos virão com fartura. Para construirmos a casa do Senhor é preciso fazer dela, não um lugar de ganhar dinheiro, mas um lugar da partilha, do compromisso e da evangelização.
Ir Ivete acrescentou:
_ Os padres e religiosas, juntamente com o conselho paroquial, os membros da Pastoral do Dízimo e os conselhos comunitários decidirão o modo mais justo de aplicar o dízimo. Esta é uma responsabilidade, em primeiro lugar, dos que são consagrados ao Senhor.
Cabe aos administradores fornecer uma prestação de contas rigorosa, transparente para que todos tenham acesso a essas informações. Além de motivar os participantes a serem dizimistas conscientes e fiéis, são os primeiros a serem dizimistas, não simplesmente para dar bom exemplo, mas para dar o testemunho de confiança e de amor, afirmou Gilmar.
Salete disse que o bom administrador investe, participa, doa e partilha. O péssimo administrador usa da comunidade para engrandecer.
Tiago falou que os padres de sua paróquia têm o dever de administrar o dízimo com alegria e prudência. A transparência é fundamental. Na prestação de contas, dizer com clareza onde foi aplicado o dinheiro, evitando dizer, etc e tal.
Remi comentou:
Eu fico imaginando que não é fácil para o padre evangelizar e se preocupar com as questões financeiras da paróquia. Os membros dos conselhos deverão ajudar os padres de modo que eles estejam livres para dedicar todo o tempo à evangelização.
Tiago acrescentou:
_ O administrador tem a tarefa de destinar cada parte dos bens para cada segmento que está sob sua jurisdição ou responsabilidade. O administrador competente faz multiplicar o que recebe. O segredo está em planejar e economizar. Esta parte depende de um bom líder. Um bom pároco é uma riqueza para a comunidade. Se os padres estão tranqüilos quanto à parte financeira, terão mais tempo para acolher as pessoas, visitar as famílias e organizar eventos de evangelização com mais qualidade.
Marivone acrescentou:
Encontrei um texto importante sobre a arte de administrar. Ouçamos.
O bom administrador se revela tanto no pouco quanto no muito. Não é preciso ter para ser. É sendo que teremos. “Quem é fiel no pouco é também fiel no muito”. Os administradores devem ser parecidos com o agricultor. Ele separa a melhor semente para o plantio. Vejo que muitos padres ou coordenadores têm como prioridades coisas que não são importantes. Isto é questão de planejamento e sabedoria. O conselho deve ajudar o padre a tomar decisões sensatas, que vão estruturar melhor a paróquia. Em sua comunidade, o coordenador não pode tomar todas as decisões isolado. O bom administrador sabe que a boa semente deve ser aplicada na evangelização e o retorno é a participação consciente de um número maior de pessoas.
Pe. Anchieta afirmou:
_ As sementes boas exigem que o terreno seja bem preparado. É preciso também pessoas capacitadas para cuidar daquilo que foi plantado. A missão deve ser distribuída para que o processo não caia no descrédito.
Gilmar manifestou a preocupação de que há comunidades que devem ser ajudadas. De que modo deveremos ajudá-las? E as contas da paróquia? As reformas do Escritório paroquial e a da casa paroquial, de que modo devemos solucionar estes problemas?
Pe Anchieta concluiu:
As diversas coordenações dos conselhos se reunirão para definirmos as prioridades. Todos deverão ajudar com a devolução do dízimo de forma consciente. Poderão também fazer ofertas específicas, segundo a necessidade da Igreja. Contamos com a generosidade de todos. Afinal a Igreja é de todos. Se fizermos um bom investimento, poderemos usufruir destes benefícios, bem como vossos filhos e netos.
Gilmar acrescentou:
_ O apóstolo Paulo recorreu à comunidade de Corinto, a fim de que ela pudesse ajudar os cristãos de Jerusalém (2Cor 8, 1-4; 9.5-9;12-
13). Quem tem mais, ajuda quem não tem. Nossa Paróquia é formada por várias comunidades. Com diálogo e espírito de partilha venceremos os desafios.

Ofertas e promoções

Oferta “é algo que faço independentemente do dízimo. A maior oferta que fazemos é a de nós mesmos para Deus”. “A oferta entregue no ofertório, na hora da celebração da missa tem um sentido público de nossa fé e de nossa generosidade para com as coisas de Deus”.
Ofertas e dizimo são diferentes. Quando fazemos uma coleta de dinheiro você arrecada a matéria, não o espírito. Recolhe o boi, mas não o coração do doador. Você traz pra igreja a esmola, porém não traz a participação. Com o dízimo você traz gente, contribuição, engajamento e adesão.
Dar ofertas do que não é meu não é o certo. Tem pessoas que tiram do dízimo para ajudar entidades e instituições religiosas. Dar uma cesta para uma família pobre é um gesto de amor, mas nem sempre resolve o problema. Nossa comunidade deve encontrar meios para ajudar os pobres de modo organizado e planejado.
As ofertas enviadas à Aparecida do Norte ou Goiás não substituem o dízimo. Deus aceita de bom coração a nossa oferta (Ex 25, 1-2). Toda oferta deve ser acompanhada de boas atitudes em relação ao próximo. É preciso reconciliar com o irmão antes de oferecer a Deus algo, pois não podemos enganá-lo. O desejo de Deus é que sejamos justos com os nossos irmãos. A oferta sem caridade e sem amor perde o seu valor (Mt 5, 23-25).
A Igreja faz quatro coletas anuais. A primeira dela se faz no tempo do Advento, antes do Natal. Esta é a Coleta para evangelização dos povos. Depois, no Domingo de Ramos, a Coleta da Campanha da Fraternidade. Com ela ajudamos as obras sociais da Diocese e do Brasil inteiro. Na Sexta-feira Santa, às três horas da tarde temos o costume de fazer uma coleta para os lugares santos. Você sabia que existem religiosos que trabalham lá para conservar estes lugares? Pessoas que moram e trabalham em nome da Igreja. Finalmente, a coleta de São Pedro, chamada Óbolo de São Pedro. Esta oferta é enviada a Roma para que o papa possa ajudar as nações. A coleta do dia do Bom Pastor também deve ser entregue à Diocese, a fim de que as obras vocacionais possam fazer o seu trabalho. Temos outra coleta que é a de agosto, destinada às congregações religiosas. Sejamos co-responsáveis com toda a Igreja.
Ninguém se apresente de mãos vazias diante de Deus (Dt 16,17). A oferta é com certeza algo importante, pois é por meio dela que a Igreja evangeliza. Apesar de não substituir o dízimo, ela também proporciona oportunidade do fiel colaborar com a Igreja, evitando todo o tipo de eventos com o intuito apenas de angariar dinheiro para pagar as contas do dia a dia.
Os Bailes, Matinês, festa do padroeiro, almoço, bingos, campanhas, podem ajudar os movimentos e pastorais realizar encontros de formação e ajudar a Paróquia sair do sufoco, mas não é o melhor caminho para manter os serviços na comunidade.
Estas promoções, sendo bem programadas servem para unir as famílias. Vamos nos esforçar para realizar as festas como confraternização. Evitem-se, na medida do possível, festas pagãs, sobretudo quando é tocada música de baixo escalão e venda de bebidas alcoólicas.

Conclusão

A participação de cada fiel na comunidade com o dízimo é garantia de realização para todos. Com o dízimo, somos libertados do egoísmo e nos tornamos membros ativos do Corpo de Cristo. “Não me tornei dizimista porque sou melhor, mas sou melhor porque me tornei dizimista” (Arthur Miranda).
A consciência de que tudo o que somos e o que administramos é obra de Deus nos ajuda a construir o Reino de Deus e a partilhar nossa vida com quem necessita.
Com a implantação do dízimo serão abolidas todas as taxas. Dízimo é partilha do que temos. Que a nossa generosidade seja promessa de crescimento e conforto para todos os paroquianos.

Oração do dizimista

“Recebei, Senhor meu Dízimo, não é uma esmola porque não sois mendigo. Não é uma contribuição porque não precisais. Não é o resto que me sobra que Vos ofereço. Esta importância representa, Senhor, meu reconhecimento, meu amor. Pois, se tenho, é porque me destes”. Amém.

Dízimo mirim

“Em muitas paróquias, as crianças e adolescentes vivem a experiência do Dízimo Infantil ou Dízimo Mirim. O Dízimo Infantil é educativo, catequético, deve despertar na criança o prazer da partilha. Com certeza, as crianças e adolescentes que vivem hoje a experiência do Dízimo Infantil, estarão mais abertas à partilha no futuro” (Arthur Jorge).

Campo Erê, 22 de maio de 2014
Pe. Gualter Pereira da Silva