sábado, 25 de julho de 2015

TEMA: ACONSELHAMENTO PASSTORAL

ACONSELHAMENTO PASTORAL

(Inspirado na Apostila e Palestra de Miriam C. P. Siqueira,
Conselheira, formada em counseling – Formada em Roma)

Introdução

Por que as pessoas não procuram conselheiros pastorais? Será que nós mesmos, como ministros (as) de Deus não somos capacitados para este atendimento? Devemos ou não fazer propaganda de nosso atendimento? Qual é a nossa missão junto ao povo? Que tempo você padre, religioso (a) está disponível para ajudar as pessoas num diálogo íntimo com Deus? O que está faltando para que você seja um ótimo conselheiro?
A melhor propaganda é feita por pessoas que são atendidas por você. Aqui está uma síntese que servirá de apoio para quem deseja tornar conselheiro. Além do estudo da Sagrada Escritura e compreensão básica sobre psicologia, você deverá ser uma pessoa de oração. A experiência é fundamental. É válido lembrar que esta é uma pequena síntese, um aperitivo para quem deseja ajudar o irmão.

Fontes de inspirações para o atendimento

Deus pede tudo de nós, mas no dá tudo. Quando você está cansado, sente-se no colo de Deus. O maior de todos os tesouros é o próprio Cristo. Ele é o amigo verdadeiro, pois dá a vida por você.
Quanto ao objetivo principal: Lembre-se que a pessoas é única e deve ser a mesma em todos os momentos. Isso também se aplica a você como conselheiro. Às vezes eu sou o que não sou e tento viver o que os outros pensam que sou, usando máscaras. Seja você mesmo, carregar máscaras desgasta muito. As pessoas deixam o que é mais importante para o final. Elas fazem rodeios. Por isso, é preciso que o conselheiro seja amigo e confidente.
O conselheiro (a). Ele é um facilitador. A pessoa deve sentir que o conselheiro está disponível. Ele levará a pessoa a ser feliz e a encontrar o sentido de sua vida no presente, não quando ela realizar uma grande obra ou comprar algo significativo. Não se pode sacrificar o presente por um futuro incerto e nem ficar isolado no passado que não existe mais.
O ideal supremo da vida é o amor. Quem ama conhece a Deus e, permanecendo unido no amor de Deus cumprirá sua Santa Vontade que é vida plena para todos. No aconselhamento, conselheiro e a pessoa que é aconselhada descobrem o que melhor dá prazer a Deus. A razão é iluminada pela fé. A abertura ao Espírito Santo ajuda a pessoa a descobrir os obstáculos que impedem de atingir metas e objetivos, bem como os insights que o ajuda a tomar decisões na vida.

O que é Aconselhamento Pastoral e como é o seu funcionamento?

É um caminho, não o único que ajuda a pessoa a compreender sua vida e ser motivado (a) a viver a felicidade, sempre à luz da graça divina. É também um encontro a três (Deus, a pessoa orientada e o Conselheiro) que desejam conhecer a Vontade de Deus e viver uma vida plena no Espírito do Cristo Ressuscitado. O conselheiro dá as ferramentas. Há problemas que não têm soluções em si mesmos, por exemplo: a perda de um ente querido. O conselheiro ajudará a pessoa a compreender um novo significado a sua vida, descobrir o caminho aberto e seguir sua vida de cabeça erguida.
No aconselhamento a pessoa supera a ilusão de caminhar sozinha. Ela compreende que a dependência de Deus gera vida, como a árvore depende de Deus para produzir bons frutos.

O que não é Aconselhamento Pastoral?

Não é como GPS que dá ordens a todo o momento. Não há espaço no AP para dar respostas prontas. Também não é lugar de fazer terapia. Não é lugar de dar conselhos. Trata-se de espaço onde alguém que fez uma caminhada e conhece bem os riscos, as possibilidades para compreender os outros e os instruir no caminho da vida.

O conselheiro deve agir da seguinte maneira:

- Primeiro: ser guiado pela graça de Deus;
- Segundo: respeito ao outro: não é dirigismo. Reconhecer o outro como importante. Ele sabe também, mas de modo diferente.
- Terceiro: deverá estar atento aos sentimentos: não é aconselhável fazer a pessoa engolir o choro. Deixe chorar. O choro é uma bênção. Se ela está com raiva, pergunte o que está acontecendo, não diga para com isso, mas certifique a raiz da raiva, nem sempre é raiva ou ódio. Pergunte sempre.

Qualidades do conselheiro

- Deve ser humilde e ser pequeno, não apenas diante do bispo, mas de todos. Retirar a sandália, que o lugar é santo. Lembre-se que ele (a) é filho (a) de Deus.
- alguém que experimenta Deus em sua vida pessoal e conhece o caminho.
- prudência e docilidade: defenda as ovelhas de todos os males.
- ser eficiente e hábil, flexível, seja uma pessoa sorridente. Quando você sorrir a pessoa desarma e sabe que você está contente em atendê-la.
- ter o cheiro das ovelhas: o perfume é para os outros. Se o padre não tem o cheiro das ovelhas dificilmente elas irão procurá-lo. É preciso ter uma identificação com elas.
- Santidade: pessoa fortalecida: o conselheiro (a) é uma pessoa que transborda de si a graça divina. Ela dá o que sobra: “espiritualidade” e nunca ficará vazia, pois está sempre renovando esta graça. A caixa de água também explica este processo. Quanto mais água é distribuída, mas água nova permanece. Há sempre vinho bom nas talhas de quem faz a vontade de Deus.
- ser respeitoso diante de um coração ferido.
Obs.: Caso você perceber uma tristeza que se prolonga no tempo, procure saber se tem algo errado contigo. Como está a sua vida de oração?

Frutos do Aconselhamento Pastoral:

Você atinge não apenas a pessoa, mas a família e as pessoas ao redor de quem são atendidas. A pessoa compreende melhor sua identidade e sua missão. Ela descobre a alegria de viver, livre de condicionamentos e sentimentos que aprisiona e ofusca sua vida espiritual.
Quem pode ser atendido no AP?
Todas as pessoas, cada uma de acordo com sua individualidade, sexo, estado de vida, situação concreta de sua vida, faixa etária, ambiente em que vive, etc.

Importância do tempo:

Onde eu estou? Esta pergunta me faz retornar ao que sou, ao eu real. “O Agora é ótimo, se eu faço memória do passado e me lanço para frente” (...) “Um passado reconciliado, um presente bem vivido e um futuro esperançoso”. (Miriam C. Pedrini Siqueira).
A tríade do tempo: Urgente, o que não pode deixar para amanhã; Importante, o que é bom ser feito, mas não precisa ser realizado de modo imediato e Circunstancial, tudo o que pode ser feito de acordo com o tempo que sobra. A arte do aproveitamento do tempo é não fazer o que é circunstancial no lugar do Urgente.
Prazer e alegria de estar fazendo exatamente aquilo que é significativo. Não fazer por fazer, mas por amor: por vocação, cheio de entusiasmo. O ideal motivador é a certeza de que o Bom Deus nos dará como prêmio algo bem maior, não que as coisas do dia a dia devem estar carregadas de sofrimento. Como disse a Conselheira Miriam P. Siqueira; “Não é lá e nem aqui, é os dois ao mesmo tempo”.
Tempo de duração: não mais que meia hora. A pessoa se esgota demais em uma hora.

Disposições importantes:

Cada pessoa deve fazer o que o coração está pedindo. Dê permissão para você mesmo seja feliz. Diga: Eu quero isso! Muitas pessoas culpam a si mesmas pelo fracasso e acabam aplicando certas penas para si mesmas. Por exemplo: um pai que perdeu uma filha e resolve nunca mais tocar violão.
Dar permissão também para as pessoas serem felizes. Aqui está a importância do perdão. A pessoa muda. Não é a mesma, ou pelo menos necessita de mudanças. Uma tristeza que se prolonga não é um bom sinal.
Não acredite demais nas pessoas. Pode dar certo para elas, mas nem sempre dá certo para você. Às vezes não dá certo nem para a pessoa ou pode ter dado certo naquela época, pois as pessoas mudam.
Desafio maior é conhecer as pessoas, ir ao encontro delas, sobretudo as que são desconhecidas. Aprenda a conviver com o diferente, não tenha preconceitos. Esteja aberto. É preciso dar permissão a pessoa para que ela seja o que ela é. Ser outra pessoa é muito desgastante. É preciso ser uma pessoa de uma peça única.
Cada pessoa se comporta de uma maneira. Há pessoas que são mais Visuais: os racionais que veem mais, visão de águia. São mais discretos e não gostam muito de toque. Outras são Auditivas: ouvem bem. Os Sinestésicos desenvolvem melhor o tato. Gostam de serem tocadas. Finalmente, os Digitais: os que se dedicam as tecnologias.
Algumas perguntas podem ajudar iniciar um bom aconselhamento: O que você está pensando? O que você está sentindo? Você está satisfeito neste instante? Quanto por cento? São perguntas introdutórias que ajudam no Aconselhamento
Obs: não se pergunta a uma mulher questões de matemática. Quem sabe pergunte sobre as metas.
É normal que algumas pessoas têm dificuldades em falar de si mesmas. O primeiro passo é ajudá-las abrir seus corações para Deus. Leve a pessoa “a bater um papo” consigo mesma. O método das cadeiras vazias pode ajudar: Duas cadeiras. Você pergunta e depois mude de cadeira e responda.
Obs.: existem coisas que devemos guardar só para nós e para Deus, outras podemos contar para o conselheiro ou para os melhores amigos (janela de Johari).
Saber escutar: escutar é mais que ouvir. Ouvir o que não foi falado, ouvir os gestos, ruídos, respiração, silencio, gestos, a metade de uma palavra. O corpo fala. Ombros caídos, posição das mãos. Às vezes a pessoa escuta melhor de olhos fechados. Lembre-se que a comunicação não-verbal é bem maior. “Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”. Antes de você conquistar o outro, tire a sua maquiagem!

Gesto dos homens e mulheres

A mulher olha em diversos ângulos e o homem numa única direção; quando ela segura a bolsa pode expressar alguma insegurança. A pessoa que fica olhando para a porta, com um pé atrás ou enroscado na cadeira, de braços cruzados, tudo isso demonstra desconforto e insegurança. Colocar a cadeira mais perto significa: “ta difícil!”
Obs: Pode ser que o cruzamento de braço significa aconchego. O cumprimento de mãos foi inventado para ver se o homem está armado ou não.
Os passos: quando eles são firmes, demonstra que a pessoa está bem, segura de si mesma. Os Passos lentos ou os apressadinhos também têm seus significados.
As mãos no bolso é sinal de insegurança. As mulheres não mudam a cadeira de lugar.
A posição do corpo por parte do Conselheiro é importante para entrar em sintonia com as pessoas que está sendo atendida.
No final, se for oportuno, impor as mãos. Isso ajuda muito. Terminar o AP com uma oração.

Local de atendimento

Numa sala, com cadeiras simples. É bom que o conselheiro esteja no mesmo nível da pessoa. Não é aconselhável ter uma mesa, a menos que haja uma circunstância favorável para isso.

Pe. Gualter Pereira da Silva
Pároco de Campo Erê